quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Aqueles que não Morrem

Por Acauan Guajajara

Publicada originalmente em 05/02/2006 às 22:55

Os homens sempre temeram aqueles que não morrem.
Como nunca entenderam o significado mais profundo e verdadeiro deste medo (ou preferiram não entender), separaram aqueles que não morrem entre os que caminham sob a luz do dia e os que caminham na escuridão noturna.
Então associaram seu medo àqueles que não morrem aos que se erguem com a noite, e apontaram neles o mal, que justificaria seu medo e os protegeria do significado real do que sentiam.

Mas se é verdade que entre aqueles que não morrem há os que preferem a noite, isto é, como dito, apenas uma preferência, pois aqueles que não morrem caminham sob o sol tanto quanto sob as estrelas.

Aí reside o significado do medo que os homens sentem de aqueles que não morrem.
Pois os homens caminham em meio à luz e entre as trevas.
Se aqueles que não morrem fazem o mesmo, aqueles que não morrem caminham como os homens.
Aqueles que não morrem caminham entre os homens.

A idéia de que aqueles que não morrem caminham entre eles é o maior temor dos homens e para fugir deste temor os homens o tornaram inimaginável e o substituíram imaginando outros temores, apresentados como maiores, mas que nada mais eram que a troca de um medo único e insuportável por muitos que podiam suportar.

Aqueles que não morrem conhecem e entendem o medo dos homens.
Sabem que por mais que os homens temam o que lhes é diferente, encontrarão refúgio e proteção criando distância do que difere.

Aos olhos dos homens, nada pode lhes ser mais diferente do que aqueles que não morrem.
Por isto tentam manter deles a maior distância possível.

Mas não há distância alguma entre os homens e aqueles que não morrem.
Eles continuarão aqui depois que o sol nascer.
Caminhando.

Um comentário:

  1. Sensacional!!!! Uma visão extremamente inteligente dos nossos medos, angústias...o inesperado, o desconhecido....o que não podemos ver...

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