sábado, 21 de abril de 2012

Metafísica Básica II - A Consciência



Por Acauan Guajajara


A Consciência humana perante o infinito é uma questão metafísica básica porque a consciência percebe que está contida na realidade tanto quanto percebe que a realidade está contida nela.

Toda percepção humana da realidade existe na consciência individual e apenas nela.
Assim, a consciência individual ou autoconsciência pode conhecer apenas a si própria como existência objetiva, como ser. Todos os demais seres são reconhecidos como tais pela consciência individual como extensão do conhecimento que a consciência tem de si própria.

Em outras palavras, a consciência individual admite que os demais seres existam de modo idêntico à existência que reconhece em si própria.
A alternativa a esta admissão é o Solipsismo, a tese de que em última instância a consciência individual é o único ser real, dado ser impossível ter certeza de que todos os demais seres não são produto da imaginação desta consciência.

Como a consciência individual só conhece objetivamente a própria existência, a hipótese Solipsista não pode ser provada falsa, mas a probabilidade de que seja verdadeira pode ser reduzida na proporção em que os estímulos externos que percebemos são significativos per si. Quando tropeçamos em uma pedra, constatamos que a realidade da dor dá testemunho de que a pedra é real ou consideramos que a dor e a pedra são criações da consciência, que se torna coadjuvante impotente em sua própria criação.
Se verdadeira a hipótese Solipsista, cada um pode se imaginar como o único ser real, um Deus esquizofrênico que é prisioneiro no mundo que criou.

Admitido que a consciência individual seja parte da realidade e não o todo, restam as hipóteses de o conjunto da realidade ser finito ou infinito.

Se finito, em tese existe a possibilidade de que o conjunto da realidade possa ser conhecido pela experiência acumulada e transmitida pelas gerações humanas, caso nossa determinação, tempo, recursos e métodos dedicados ao objetivo forem suficientes. Uma realidade finita é explicável pela Ciência.

Se o conjunto da realidade é infinito, pode existir ou não um nexo que permita identificar na fração finita propriedades que se mantém infinitamente, como nas abstrações matemáticas da geometria e dos conjuntos numéricos. Uma realidade infinita com tal nexo é objeto de estudo da Metafísica.

Se o conjunto da realidade é infinito e desconexo, então não é compreensível pela consciência individual. As interações com a realidade se restringiriam a uma fração insignificante do todo e as conclusões tiradas pela experiência teriam significado apenas utilitário. Nesta realidade não existiriam referenciais absolutos. Os únicos referenciais seriam aqueles escolhidos arbitrariamente. Este é o mundo do relativismo filosófico.