sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O Valor da Vida

Por Acauan Guajajara

Publicado originalmente em 12/3/2005 13:41:11

Valor é um conceito arbitrário que mede a importância que damos a algo.

Assim, as coisas não vivas tem valor relativo e convencional, que varia conforme as circunstâncias culturais, históricas e ambientais.
Um diamante pode ter um valor inestimável para um homem civilizado e ser apenas uma pedrinha bonita para um primitivo.
Um copo de água pode ter um valor desprezível ou ser o bem mais valioso do mundo para quem está morrendo de sede.

A questão é se a vida tem valor absoluto, ou seja, valor em si. Um valor que não deixa de existir quando não é reconhecido por aqueles que o avaliam.

Uma abordagem lógica da questão é considerar que somente a vida dá sentido ao conceito de valor.
Nada é valioso para uma pedra, por exemplo.
Se nada fosse vivo, nada no universo teria valor algum. Uma estrela e um grão de poeira valeriam igualmente coisa nenhuma.

Se é a vida a razão de todo o valor, negar o valor da vida implica em negar todos os demais valores, pois estes existem em função daquela.

Como é a vida que define o valor de tudo o mais, e portanto possui valor em si só, resta a questão de se a vida singular de cada espécime tem um valor absoluto, já que a vida continua se manifestando em outras unidades quando algumas morrem.

A primeira justificativa de valor para um espécime vivo é que só espécimes vivos podem ser reconhecidos como indivíduos, seres que, apesar de estruturalmente serem semelhantes a todos de seu gênero específico, são, em sua última instância, únicos.

Nossa cultura dá valor ao que é raro, o que implica que tudo que é individual, e portanto único, representa o ápice da raridade.

Dentre todos os seres vivos conhecidos, a capacidade humana de abstração faz do Homem o ápice da definição de individualidade.
Em todo o universo não existem duas vidas humanas iguais, logo, cada vida humana representa o que há de mais raro entre tudo que existe.

Extinta esta vida individual, nunca haverá outra como aquela, em nenhum outro tempo ou lugar, representando a extinção de todo um microcosmo impossível de ser reconstituído.

Para mim, isto já é justificativa suficiente.

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