quarta-feira, 6 de maio de 2009

As Mortes do Guerreiro

Por Acauan Guajajara

Publicado originalmente em 4/2/2005 23:45:38

Como manda o Código, há três mortes possíveis para o Guerreiro: o tombar com glória, o morrer com honra e a outra.

O tombar com glória é destinado ao Guerreiro que no auge da contenda, com braço forte e bravura no coração, foi sobrepujado no campo da honra por um oponente mais valoroso.
Para este Guerreiro, seus últimos pensamentos são por aqueles e aquilo que defende e sua última esperança é de poder empunhar a arma por mais um golpe.
Caberá aos seus companheiros imaginar seu destino, que para eles é certo, encontrar os portões do Valhalla abertos e ser recebido lá pelos irmãos de armas que tombaram antes dele.À sua espera um garanhão bravio.
Ao entrar, o mais bravo entre os que tombaram porá a mão direita em seu ombro direito e lhe entregará as rédeas do garanhão.
E juntos cavalgarão todos pela campina aberta, ao pôr do sol, com o vento no rosto.

O morrer com honra é destinado ao Guerreiro que venceu todas as batalhas, conheceu o triunfo e chegou ao tempo em que o coração ainda é bravo, mas o braço não mais é forte.
Para este Guerreiro, seus últimos pensamentos são por aqueles a quem ensinou o que manda o Código e sua última esperança é que aqueles a quem ensinou perpetuem o BEM.
Se a sua hora lhe conceder tempo para tal, terá o direito de imaginar que em sua chegada ao Valhalla encontrará os portões abertos e será recebido por aqueles que lhe ensinaram o que manda o Código e por aqueles a quem ensinou o que manda o Código e que tombaram com glória antes que ele morresse com honra.
Entre todos, lhe porá a mão direita no ombro direito quem primeiro lhe falou das antigas virtudes, do valor da Honra, da importância do Dever e da necessidade do Sacrifício. E de novo estarão juntos os que ensinaram e os que aprenderam.

A outra morte é a que não tem nome, pois nenhum Guerreiro ousaria chama-la.
Ela é destinada ao Guerreiro cujo braço é forte, mas a bravura abandonou seu coração. Embora pudesse erguer suas armas, optou por quedá-las aos pés do oponente, abandonando aqueles e aquilo que deveria defender.

Para este, seus últimos pensamentos serão pelos que tombaram com glória ao seu lado no campo da honra. Lembrar-se-á deles e desejará não ter trocado aquele momento por toda a vida que se lhe seguiu.

Terá todo o tempo do mundo para imaginar sua chegada ao Valhalla, quando encontrará os portões fechados e por suas frestas poderá ver apenas as costas dos que foram seus irmãos de armas.Da mesma forma que deu às costas às antigas virtudes do Código.

E sem o Código, não há esperança.

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